sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Notícia da Semana

Crises Globais são mesmo raras

Uma recessão com impacto sistémico e planetário já não ocorria desde há 80 anos. Do mesmo género, só em 1907/8 e em 1929/33.

As recessões e depressões com impacto à escala mundial na produção e no comércio internacional são, ainda, excepções.
As crises do capitalismo moderno com impacto efectivamente mundial contam-se, ainda, pelos dedos de uma mão. Na fase pós-Revolução Industrial, os economistas Carmen Reinhart e Kenneth S. Rogoff só encontraram, ainda, três crises globais. Nessa galeria a partir de 1860, os dois autores incluem a célebre Grande Depressão de 1929 a 1933 (que esta semana comemora os 80 anos do seu início a partir de Wall Street) e a que já é designada como Grande Recessão de 2007 a 2009.
Os dois investigadores distinguem as crises com projecção e impacto global (1908, 1929/1933 e 2007/2009) de outras plurinacionais, abrangendo vários países-chave (como o núcleo duro dos países desenvolvidos, como em 1873/79, 1893, 1982) ou mesmo regiões do mundo (como a famosa 'crise asiática' de 1997-1998). Alguns pânicos financeiros nem sequer se transformaram em depressões globais, como o crash de 1987 em Wall Street ou o do Nasdaq em 2000, e outras depressões mundiais ligadas à guerra afectaram a produção mas não o comércio internacional, como a de 1945/46 (os dois anos em que o PIB mundial mais decresceu, na ordem dos 8,1 e 11,1%, mas sem efeito negativo nas trocas). Ao invés, houve crises no comércio internacional, como em 1938 (quebra de 12%) e 1975 (quebra de 7%), que não se traduziram em recessões mundiais. A situação é, por isso, complexa.
Os dois autores definiram quatro critérios técnicos para identificar tais crises globais que podem ser estudados na sua recente obra, "This Time is Different" (Princeton University Press, 2009). Em termos mais simples, podemos verificar que as crises globais têm, em simultâneo, um impacto negativo significativo no PIB mundial e no comércio internacional. O carácter "sistémico" do choque nos principais centros financeiros, a dinâmica de contágio, a sincronização do processo evolutivo da crise em vários países com peso significativo na economia mundial e a projecção geográfica são sintomas visíveis do globalismo de uma crise.
O pânico financeiro de 1907 acabou por gerar em 1908 uma quebra de produção mundial de 3,6% e do comércio internacional na ordem dos 6%. O pânico de 1929 acabou por originar três anos de crescimento negativo mundial (5,7% em 1930, 6,4% em 1931 e 6,6% em 1932) e o mesmo período com as maiores quebras de sempre das trocas comerciais planetárias (20% em 1930, 29% em 1931 e 32% em 1932). O balanço da Grande Recessão de 2007 a 2009 está ainda por fazer: estima-se que o PIB mundial possa cair este ano entre 1 e 2% (depende das previsões) e o comércio internacional decaiu nos dois primeiros trimestres de 2009 mais de 30%, segundo a Organização Mundial do Comércio.
Em virtude da irregularidade destas crises globais, que não se encaixam nas crises dos ciclos de negócio como nas ondas longas, a sua dinâmica continua a ser estudada e envolta em polémica.

Jorge Nascimento Rodrigues


Crises Globais desde 1860

Pânicos financeiros de 1929 e 1931 e Grande Depressão de 1929/1933

PIB mundial cai 5,7% em 1930, 6,4% em 1931 e 6,6% em 1932.
Comércio internacional sofre as maiores quebras de sempre:
20% em 1930, 29% em 1931 e 32% em 1932.
Depois de uma queda ligeira do PIB em 1938 (-0,1%), o comércio mundial cai significativamente (12%). Epicentro financeiro na Wall Street (queda de 89,19% desde o pico do Dow Jones até ao ponto mais baixo, em 8 de Julho de 1932, a maior de sempre deste índice; 149 dias de trading).
Todas as regiões do mundo afectadas.

Pânico financeiro de 1907 e Grande Depressão de 1908

PIB mundial cai 3,6% e comércio internacional quebra 6%.
Epicentro financeiro na Wall Street (quebra de 48,54%, desde o pico do Dow Jones ao ponto mais baixo em 15 de Novembro de 1907, a quinta maior de sempre; 96 dias de trading).
Regiões mais afectadas: Europa, Ásia e América Latina.

Pânico financeiro de 2008 e Grande Recessão de 2007/2009

PIB mundial deverá cair 1,7% em 2009 e comércio internacional contraiu 10,8% no quarto trimestre de 2008 e 32%, em média, nos dois primeiros trimestres de 2009. Epicentro financeiro na Wall Street (queda de 53,5% desde o pico do Dow Jones em 15 de Outubro de 2007 até ponto mais baixo em 9 de Março de 2009, a segunda maior de sempre; 75 dias de trading).
Todas as regiões do mundo afectadas.


Retirado de “Expresso” – Economia (24 de Outubro de 2009)


João Filipe Figueiredo Nº8

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Notícia da Semana - Inês Santos

Fusão entre a AIP e a AEP .

A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) “está disponível para estudar novos modelos de organização com outras entidades de forma a servir e a representar melhor as empresas do sector do turismo em Portugal”, na sequência da fusão entre a Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Associação Empresarial Portuguesa (AEP), anunciada na quinta-feira, e que vai resultar na constituição da Confederação Empresarial de Portugal (CEP).
A confederação liderada por José Carlos Pinto Coelho admite que “o actual momento de crise económica justifica a adopção de todas as medidas que permitam uma eficiência económica na aplicação dos recursos disponíveis, também na área do associativismo”.
A CTP avisa, no entanto, que a AIP e a AEP “detêm diferentes modelos de identidade, já que são associações cuja prestação de serviços às suas associadas possuem especial relevância, fazendo desses mesmos serviços parte integrante das suas receitas”. Ao invés, acrescenta, a Confederação do Turismo “desenvolve um tipo de associativismo, que se baseia na exclusiva representatividade das associações suas associadas, assumindo-se como sua legítima representante com o estatuto de parceiro social e defensora interna e externa do turismo nacional”.
Celso Filipe

Jornal de Negócios, 16 de Outubro de 2009

domingo, 11 de outubro de 2009

Notícia da Semana

Consumo privado trava descida do PIB
2009-09-03
ANA PAULA LIMA
Pelo quinto trimestre consecutivo, o Produto Interno bruto na Zona Euro sofreu uma contracção. O PIB dos países da moeda única recuou 0,1% no segundo trimestre deste ano, face ao trimestre anterior. Em Portugal caiu 0,3%.
Segundo o Eurostat, o recuo na produção de riqueza na Eurozona foi mais lento do que no primeiro trimestre do ano, altura em que registou uma contracção histórica de 2,5%. Já na comparação homóloga anual, a contracção do PIB, no segundo trimestre de 2009, foi de 4,7%. No trimestre anterior, o recuo foi de 4,9%, face ao primeiro trimestre de 2008.
A melhoria ligeira na diminuição da produção de riqueza na Zona Euro é explicada, segundo os dados do Eurostat, pela subida do consumo privado e pelas desacelerações nas quedas das exportações e do investimento.
Em termos agregados, o consumo privado na Eurozona, nos meses de Abril, Maio e Junho, subiu 0,2%, em relação a Janeiro, Fevereiro e Março. As exportações, apesar de se manterem em terreno negativo, assinalaram um abrandamento nas quedas, tendo recuado apenas 1,1% no segundo de trimestre de 2009, depois de terem caído 8,8% nos três primeiros meses do ano na Zona Euro, enquanto as importações desceram 2,8%. O investimento manteve-se, igualmente, em baixa, com uma quebra de 1,3% nos países da moeda única e de 1,9% no conjunto da União Europeia (UE).
Em Portugal, a queda na produção da riqueza, no segundo trimestre de 2009, foi superior à média da contracção do PIB nos países da Zona Euro, registando um recuo de 0,3%, em relação ao primeiro trimestre, e uma contracção de 3,7%, na comparação com o segundo trimestre de 2008.
No total dos 27 países UE, o PIB recuou 0,2%, face ao primeiro trimestre do ano, e caiu 4,8%, quando comparado com o segundo trimestre do ano passado.

Fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1351190#

Ana Rita Eiras, nº3

sábado, 10 de outubro de 2009

Notícia da Semana

Crédito malparado atinge máximos de 1998
21 Setembro de 2009

O crédito malparado continua a aumentar em Portugal. Em Julho atingiu máximos do final da década de 90, com o incumprimento no crédito à habitação em níveis recorde, revelando a incapacidade das famílias em suportar os custos com os imóveis. Ao mesmo tempo, a concessão de crédito regista um forte abrandamento.


De acordo com os dados do Boletim Estatístico hoje divulgados pelo Banco de Portugal, as famílias portuguesas deviam, em Julho, um total de 3,6 mil milhões de euros à banca, o que representa 2,72% do volume de empréstimos concedidos. Ou seja, o peso do crédito malparado já supera os 2,5% e atingiu o nível mais elevado desde Outubro de 1998.

A contribuir para esta evolução estiveram todos os segmentos.

Na habitação, o peso do malparado tocou nos 1,70%, um valor nunca antes observado. Mas não é só com a habitação que os portugueses estão a ter dificuldades em cumprir os pagamentos à banca. Aliás este é mesmo o segmento onde o peso do malparado é menor, até porque este é o último bem que uma família deixa de pagar o crédito associado.

No crédito ao consumo, as famílias portuguesas devem já 6,72% do total dos empréstimos concedidos pelas entidades financeiras. Este é também o valor mais elevado desde que Banco de Portugal começou a compilar os dados (1997).

Ao mesmo tempo que o incumprimento aumenta, a concessão de crédito abranda. A taxa de variação homóloga dos empréstimos à habitação fixou-se nos 1,3%, em Julho, o nível mais baixo desde 2004. Uma prova da dificuldade em conseguir actualmente um empréstimo junto das instituições bancárias.

in JornaldeNegocios.pt
André Castilho, nº4

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Noticia

Face ao mesmo mês do ano passado
Desemprego na construção aumentou 77,3 por cento em Julho

23.09.2009 - 19h15
Por PÚBLICO


Apesar do dinamismo observado nas Obras Públicas, os dados do INE confirmam crise grave na construção, conclui o relatório de conjuntura da Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP).Os valores recentemente apurados pelo INE, constantes das Contas Nacionais Trimestrais e relativos ao desempenho do PIB e das suas várias componentes, até ao final do segundo trimestre do ano corrente, vieram confirmar quebras sensíveis, quer da produção, quer do investimento em Construção, durante os primeiros seis meses de 2009, revela o relatório de Setembro. O relatório, hoje divulgado, adianta que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em Construção registou uma quebra de 13,9 por cento ao longo do 1º semestre de 2009, enquanto a produção do Sector, a avaliar pela evolução do respectivo VAB (Valor Acrescentado Bruto), deverá ter sofrido uma redução de cerca de 12 por cento, no mesmo período. O relatório adianta que a confirmar o fraco desempenho da Construção está o número de desempregados oriundos do Sector e inscritos nos Centros de Emprego, que não pára de aumentar, tendo registado, no final de Julho, um crescimento homólogo de 77,3 por cento, o mais acentuado da economia nacional.O inquérito aos empresários revela, até Agosto,”um acentuado pessimismo, embora mais moderado no caso dos responsáveis das empresas que se dedicam a trabalhos de engenharia civil, segmento de actividade que reúne as melhores perspectivas de evolução dado o muito significativo aumento de adjudicações de obras públicas que se verificou ao longo dos primeiros meses do ano”.A FEPICOP adianta que comparativamente aos seus congéneres europeus e a avaliar pelos dados divulgados pela Comissão Europeia e obtidos através dos Inquéritos Mensais à Actividade, os empresários portugueses da Construção revelam, actualmente, resultados menos desfavoráveis no que concerne ao nível de Confiança no Sector.


Ana Patacão nº1

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Importância do IDH

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um indicador composto que engloba três dimensões: económica, demográfica e cultural, a que corresponde, respectivamente, o PIB p.c., a esperança média de vida à nascença e a taxa combinada de escolarização e taxa de alfabetização de adultos.
Este foi criado por Amartya Sem, economista indiano, e consiste num modo padronizado de avaliação e medida do bem-estar de uma população. O índice varia entre zero e um, sendo que zero revela a inexistência de desenvolvimento humano e um, o desenvolvimento humano total.
O IDH é considerado um indicador de extrema importância - adoptado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) - não só refere a vertente económica como também outras vertentes que colocam um país num determinado grau de desenvolvimento. Poderemos então recorrer a um exemplo que elucide o afirmado. Angola, embora seja muito mais rica do que Portugal, é um país de 3º mundo, querendo isto dizer que embora esteja bastante desenvolvida em termos económicos não permite à população uma série de condições que lhe proporcionem bem-estar, no que se refere aos domínios demográfico e cultural.
Em suma, este indicador permite combinar informações dos diversos domínios do social concedendo-nos uma visão mais realista da situação económica, cultural e social de um país, sendo essencial para que tenhamos um desenvolvimento sustentável e sustendado.
Inês Santos, nº7

sábado, 19 de setembro de 2009

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO


A origem do conceito de Índice de Desenvolvimento Humano
A abordagem ao desenvolvimento humano emerge num contexto de crescente crítica à visão dominante dos anos 80 do século XX, que presumia uma estreita relação entre o crescimento económico e a expansão das escolhas individuais.
No entanto, muitos especialistas, como o economista paquistanês Mahbub ul Haq, que teve um papel fundamental na formulação do paradigma do desenvolvimento humano, reconheciam a necessidade de um modelo alternativo de desenvolvimento. Era, por exemplo, evidente a existência e o incremento de problemas sociais como o crime, a poluição e a propagação do VIH em economias fortes e em crescimento.
Desde 1990 o conceito de desenvolvimento humano foi aplicado sistematicamente e publicado anualmente sob os auspícios das Nações Unidas (Departamento de População).
Esta visão alternativa de desenvolvimento humano, baseada no trabalho do economista Amartya Sem (laureado, em 1998, com o prémio Nobel da Economia) e de outros especialistas, é definida como o processo de aumentar as escolhas pessoais e promover as capacidades humanas e liberdades que possibilitem viver uma vida longa e saudável, ter acesso ao conhecimento e a condições decentes de vida, participar na vida da comunidade e nas decisões que afectam as nossas vidas.
O Índice de Desenvolvimento Humano enfatiza a riqueza da vida humana em detrimento da riqueza da economia. É um índice composto que mede, em cada país, a média de metas alcançadas em três dimensões básicas de desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, o acesso à educação e a condições de vida condignas.
Excerto de ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO TE
(OL)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"o cidadão português, para além de cidadão europeu é, cada vez mais, cidadão do mundo. De um mundo cada vez mais entendido como sistema, onde tudo está ligado, mas onde as desigualdades de nivel e de qualidade de vida se mantêm de forma acentuada. De um mundo que é necessário compreender nas suas caracteristicas essenciais e nos seus problemas fundamentais. De um mundo no qual há que participar de forma construtiva, tendo em vista o presente mas, também, o futuro - «o nosso futuro comum».

De um mundo onde a dimensão ética , corporizada nos Direitos Humanos, não pode estar ausente ... "

Excerto do programa oficial homologado de Economia C